segunda-feira, 20 de setembro de 2021

Exposição no CCBB mostra obras de ex-pacientes de Nise da Silveira

As visitas presenciais são diárias, exceto às terças-feiras

Luis Zamorano

Fonte: https://agenciabrasil.ebc.com.br/

Em: 13/09/2021

Quadros da exposição
Imagem: Tânia Rego/Agência Brasil

O Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) Rio de Janeiro abriu a exposição Nise da Silveira – A Revolução pelo Afeto, com 90 obras de ex-pacientes da psiquiatra, que fazem parte do Museu de Imagens do Inconsciente, além de peças de arte contemporânea. A exposição poderá ser vista até o dia 15 de novembro.   

As visitas presenciais são diárias, exceto às terças-feiras, e acontecem no horário de 9h às 18h, com agendamento gratuito online pelo site de venda de ingresso para eventos. A exposição poderá ser visitada também por meio de uma galeria virtual em 3D.

A médica psiquiatra alagoana foi a única mulher a se formar em uma turma com mais de 150 homens. Nise da Silveira ficou mundialmente conhecida pela ideia vanguardista de usar o afeto como metodologia científica no tratamento de pessoas com problemas psíquicos.

O curador e produtor da mostra, Diogo Rezende, disse que procurou estabelecer um diálogo entre a narrativa da exposição e a seleção de artistas do Museu de Imagens do Inconsciente e trabalhos de arte contemporânea, que são pontuados em momentos específicos.

“A exposição tem três grandes núcleos. A gente começa na sala de Contexto, Dor e Afeto; depois passa pela sala mais biográfica, denominada Atelier, que é o espaço de pesquisa e trabalho da Nise; e no terceiro ambiente, a gente usa a metáfora do engenho de dentro como o inconsciente”, disse Rezende.


Exposição no Centro Cultural Banco do Brasil reune cerca de
90 obras do Museu de Imagens do Inconsciente  
Imagem: Tânia Rêgo/Agência Brasil

No terceiro núcleo, o público poderá conhecer um pouco da relação da psiquiatra com seu professor Carl Gustav Jung, suas pesquisas sobre o inconsciente e sobre o território e o significado da expressão engenho. Para fazer um contraponto com o período da monocultura do açúcar, na era colonial, o curador trouxe um trabalho contemporâneo de Tiago Sant' Ana. “É um trabalho de performance, dentro de fazendas abandonadas do Recôncavo da Bahia. A gente traz esse trabalho como um recorte, para falar um pouco do território do Engenho de Dentro, bairro da zona norte do Rio”.

Segundo explicou Diogo Rezende, a passagem dos 22 anos de morte de Nise da Silveira este ano foi o principal estímulo para propor o projeto da mostra. O Museu de Imagens do Inconsciente ajudou a construir o projeto, explicou o curador.

O psiquiatra Vitor Pordeus, que trabalhou no Instituto Municipal Nise da Silveira de 2009 a 2016, salientou que ao buscar formas de acessar as camadas do inconsciente e criar um diálogo entre o inconsciente e a sua expressão em imagens, por meio de ferramentas artísticas e com aplicações científicas, Nise acabou reformando o entendimento da loucura no mundo. 

“A Nise criou um método clínico centrado no afeto. Ela é herdeira de Juliano Moreira, de Baruch Espinoza, de Sigmund Freud, de Carl Gustav Jung. Jung foi aluno de Freud e professor da Nise, na Suíça. Homens revolucionários, que abandonaram a ideia do corpo máquina e trabalharam com a abordagem centrada na subjetividade, na emoção, na identidade, na simbologia, nas narrativas que restauram as memórias. A nossa dificuldade hoje é não deixar o afeto se apagar, em um momento em que tudo virou máquina”, destacou Pordeus.

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